Homem morto com 15 tiros em área de mata em Manaus fez relato sobre envolvimento com agente penitenciário antes de ser assassinado; caso segue sob investigação da DEHS

Novos desdobramentos surgiram no brutal assassinato de Davi Renan Cavalcante da Silva, de 26 anos, sequestrado na noite de segunda-feira (7/7) no bairro Novo Aleixo e executado na tarde desta terça-feira (8) com pelo menos 15 tiros na Travessa da Bênção, comunidade João Paulo, Zona Norte da capital.
A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) apura agora o conteúdo de um vídeo gravado pela própria vítima momentos antes de ser morta. Nas imagens, Davi aparece como refém, visivelmente sob coação, e faz acusações contra um policial penal, supostamente envolvido com tráfico de drogas dentro e fora de presídio.
“Meu nome é Davi Renan e eu estou nessa situação por causa do Bento Luciano, que é um policial que está preso lá no Monte das Oliveiras. Ele é um arrochador. Ele foge de lá para fazer o arrocho e volta para lá”, diz Davi no início do vídeo, gravado em área de mata onde, pouco depois, seria executado.
Ainda na gravação, Davi afirma que recebia entorpecentes do policial e que mantinha uma rotina de pagamento em troca de novas cargas. Ele também menciona uma negociação recente envolvendo uma balsa com cerca de uma tonelada de droga escondida entre areia e seixo, que teria sido intermediada pelo mesmo agente.
Execução e tentativa de resgate
Segundo a perícia, 42 estojos de munição calibre 9mm foram recolhidos na cena do crime. A vítima apresentava 15 perfurações nas costas e sinais de possíveis fraturas nos braços, o que levanta a suspeita de que tenha sofrido tortura antes da execução. Os dados serão confirmados por exames no Instituto Médico Legal (IML).
Além de Davi, Wagner Sombra de Araújo, de 37 anos, também foi baleado, mas sobreviveu. Ele foi levado em estado grave ao Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo. Um terceiro homem, identificado apenas como João, que estava com as vítimas no momento do sequestro, está desaparecido.
Conforme relato da família, Wagner teria ligado para Davi na noite do crime, pedindo ajuda com um carro que estaria quebrado. Ao chegar ao local, os dois foram surpreendidos por três homens armados que saíram de um veículo Argo, de cor chumbo. João, que acompanhava a dupla, não foi levado — mas sumiu misteriosamente após a ação.
Investigação em curso
A DEHS está apurando se o vídeo foi gravado sob coação para justificar uma execução ordenada pelo “tribunal do crime”. Uma das linhas de investigação aponta que o crime pode estar ligado a disputas internas de facções criminosas, envolvendo delações e tráfico de drogas coordenado de dentro do sistema prisional.
O policial penal citado por Davi no vídeo, Bento Luciano, já estaria detido no quartel da PM no Monte das Oliveiras.
As investigações seguem em andamento e a Polícia Civil não descarta nenhuma hipótese até o momento.
Veja o vídeo: