Flávio Antony Filho, atual chefe da Casa Civil do Amazonas, afirmou em suas redes sociais que foi vítima do “golpe do falso advogado”. Segundo ele, um homem identificado como Aluísio Augusto Queiroz Braga teria recebido mensagens fraudulentas em seu nome, pedindo dinheiro para supostas despesas de um processo judicial contra o banco Bradesco.

No entanto, uma checagem rápida no sistema eletrônico do Tribunal de Justiça do Amazonas (Projudi) mostra que tal processo não existe. Aluísio aparece apenas como parte em duas ações em andamento: uma contra a Telefônica Brasil S/A e outra contra o Município de Manaus — nenhuma delas contra o Bradesco.

Além da inconsistência processual, há um ponto legal relevante: Flávio Antony, por ocupar um cargo público de natureza política, está legalmente impedido de exercer a advocacia, conforme estabelece o Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94). Apesar disso, ao relatar ter sido vítima de um golpe que geralmente atinge advogados em atividade, o secretário acaba se colocando, mesmo que de forma indireta, como alguém em atuação na área jurídica.

Nos bastidores do meio jurídico amazonense, a exposição pública do caso vem sendo interpretada como uma movimentação estratégica. Isso porque Antony articula sua candidatura à vaga de desembargador que será aberta com a aposentadoria de Domingos Chalub, prevista para agosto, via o chamado “quinto constitucional” — mecanismo que reserva uma cadeira no Tribunal de Justiça a advogados com, entre outros requisitos, atuação profissional comprovada e reputação ilibada.

Embora Antony tenha registro ativo na OAB, seu cargo atual o afasta do exercício da advocacia. Caso seu nome avance no processo de seleção, essa condição pode ser questionada.

Até o momento, não há registro de boletim de ocorrência ou investigação formal sobre o suposto golpe.


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