Reflexão sobre a impunidade e os privilégios da elite.

Normalmente, evito trazer reflexões que coloquem grupos inteiros como vítimas da sociedade, mas vamos juntos analisar uma questão importante? Nas últimas semanas, as manchetes dos jornais e páginas na internet têm trazido relatos sobre um grupo de jovens de classe alta em Manaus, exibindo comportamentos criminosos em plena luz do dia: disparos para o alto, agressões físicas, vandalismo, direção perigosa e embriaguez. O mais chocante é que tudo foi registrado por eles mesmos, demonstrando a confiança na impunidade. Por que essa certeza de que nada acontecerá? Porque muitos contam com a proteção dos pais influentes e, aparentemente, do próprio Ministério Público, que evita ao máximo os pedidos de prisão para esses infratores. Com a proximidade das eleições, são orientados a “se entregarem” em datas estratégicas, quando a legislação impede prisões. E aí, ouvimos o advogado argumentando que “são apenas adolescentes que erraram e aprenderam a lição, são meninos de bem”. Mas aprenderam mesmo? Na realidade, parecem apenas rir das consequências brandas que recebem.

Essa proteção dos mais ricos não é novidade. Quem não se lembra do caso Flávio? Jovens de famílias abastadas crescem sem temer o sistema, pois sabem que ele os protege. E antes que alguém questione a atuação da polícia, vale refletir: policiais também têm famílias e sabem os riscos de agir contra esses grupos. Imagine o que aconteceria se um policial tentasse enfrentar diretamente esses jovens protegidos? No melhor dos casos, acabaria em funções administrativas ou seria transferido para o interior. E parafraseando Tropa de Elite: “ Policial também tem Família, Policial também tem medo de morrer”.

Hoje, mais um caso de violência envolvendo filhos de pessoas influentes veio à tona. Os gêmeos do vereador Professor Samuel se envolveram em uma briga em uma adega na Ponta Negra. Vale lembrar que o vereador é conhecido por ser um vereador com mandato medíocre, e que nem de longe representa a classe dos professores. Coincidentemente, após o incidente, seu Instagram saiu do ar. Será que isso também é uma tentativa de evitar a repercussão?

A grande pergunta que fica é: o que vai acontecer com esses jovens da elite? No máximo, a assinatura de um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e, talvez, um breve afastamento dos holofotes – até que o próximo escândalo aconteça.

A diferença no tratamento: reflexões sobre desigualdade e impunidade

Agora, imagine um cenário diferente. Vamos para uma adega frequentada por pessoas de origem humilde, pessoas negras, moradores de favelas. Se uma briga estourasse ali, como a ordem seria restabelecida? Será que a abordagem seria a mesma?

Vamos um pouco mais longe: imagine se esses jovens infratores fossem pobres. Será que receberiam o mesmo tratamento? Provavelmente, já teriam sido “recebidos” pela ROCAM (Rondas Ostensivas Cândido Mariano), com direito a uma “visita” em suas casas. No mínimo, ficariam detidos por algumas horas. E o Ministério Público? Provavelmente, manteria silêncio absoluto sobre qualquer proteção. Isso, claro, se tivessem a sorte de sair vivos de um confronto com maus policiais – lembram do caso dos jovens abordados na madrugada que viraram camisa de saudade?

A verdade dura é que nada vai acontecer com esses playboys. Nada. Na verdade, esse comportamento tende a piorar, pois a proteção ao redor deles só aumenta. E, se a situação se complicar demais, papai e mamãe os mandam para fora do país até que tudo se acalme.

E para nós? Nós, que vivemos uma realidade bem diferente, precisamos ensinar nossos filhos a se comportarem em uma abordagem policial, a evitar conflitos no trânsito e a serem cuidadosos em festas. Nós nos adaptamos às “regras” do sistema, porque, para nós – para mim, para você, para todos que trabalham e lutam dia a dia – o desafio é real, e as consequências são imediatas. O bagulho é doido.

Se você chegou até aqui, obrigado por refletir. Estamos indo na contramão do que o “sistema” quer. Eles preferem que você seja alienado, desinformado, desinteressado – assim é mais fácil para eles. Para nós, NÃO!

Com amor e uma dose de revolta,
Lomittas

 

Respostas de 6

  1. Muito me impressiona, a condescendência seletiva, paralela a soberba naturalizada pela ignorância a empatia e simplicidade respeitosa. Paulo diz, escrevendo ao jovem Timóteo, que viriam tempos difíceis, e que o amor de muitos se esfriaria entre outras coisas, E o tema / personagens dessa matéria, ele, Paulo, citou no passado com o próprio olhar de Deus. Mas a nós cabe ter bom ânimo, e vencer esse mal , com matérias como a sua . A paz irmã. Luta, a guerra e infinita.. mas não baixamos as armas da boa milícia, que não se embaraça com negócios dessa vida ..

  2. Tempos muito difíceis para nós que saímos todos os dias de nossas casas para podermos sustentar nossa família! Enquanto esses e tantos outros mauricinhos espalham terror na cidade, farra com dinheiro público!
    Palmas lentas (sarcasmo) para o povo que são coniventes com essas aberrações, pois a maioria que hoje os critica são os que os colocam no nessa posição 🤡

    Parabéns, Paloma! Seu blog extremamente necessário 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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